Operações são comandadas pela Força Aérea Brasileira; dois servidores do governo estadual estavam na aeronave

As buscas pelo avião monomotor que desapareceu na Serra do Mar, no Paraná, chegam nesta sexta-feira ao seu quinto dia. As operações no ar, comandadas pela Força Aérea Brasileira, cobriram ao longo da semana uma área de cerca de três mil quilômetros quadrados, mas ainda não conseguiram encontrar sinais da aeronave que sumiu dos radares na manhã de segunda-feira.

No solo, bombeiros e policiais militares vasculharam cerca de 120 km² nos últimos dias. Nesta quinta-feira, de acordo com o governo do Paraná, três equipes se infiltraram na mata, após serem deixadas por um helicóptero na Torre da Prata, um dos pontos mais altos da região. De lá, drones foram controlados para tentar localizar a aeronave.

Veja abaixo um mapa que mostra a área na qual ocorrem as buscas:

As buscas tiveram início na segunda-feira, após o avião Piper Arrow PA-28R-200, que levava três pessoas, desaparecer durante a manhã, enquanto voava do Aeroporto de Umuarama a Paranaguá. Não se sabe ainda o que pode ter acontecido com a aeronave, que foi avistada pela última vez nas proximidades do seu destino, uma distância que demoraria cerca de 10 minutos para percorrer.

De acordo com o especialista em segurança de voo Bruno Pugliesi Goi, a aeronave é considerada segura:

— Apesar de ser uma aeronave muito simples, é fácil de voar, muito utilizada em treinamentos. Muito dócil, extremamente consolidada no mercado geral da aviação e conhecida no mundo todo — disse.

Ainda de acordo com Pugliesi, o destino conhecido da aeronave em Paranaguá é um aeroporto que opera apenas com 'voo visual' — ou seja, pilotos que pretendem aterrisar nele não contam com auxílio de cartas e instrumentos como guias. A área, no entanto, não apresenta grandes desafios na sua avaliação, apesar do terreno acidentado:

— É uma região de serra, que envolve altos e baixos de terreno. Não é uma região difícil de voar, com todo o auxílio do Terminal de Curitiba, sendo uma área extremamente controlada — explica o especialista em segurança no voo, antes de concluir — Não é uma área que não teria auxílio por rádio. Mas é uma área de serra, que está sujeita a um pouco mais de instabilidade.

Imagens aéreas de institutos meteorológicos indicam que a região enfrentava elevada nebulosidade no dia do desaparecimento da aeronave. Para Bruno Pugliesi, contudo, o dado não é suficiente para determinar se as nuvens foram um problema para o piloto do avião.

— Eles podiam estar abaixo da base de nuvem, totalmente visual, como também não. Então, a gente não consegue afirmar como estava o tempo naquela hora. Não temos como afirmar nada, se naquele horário tinha visibilidade ou não, se tinha visual com solo, se estava dentro, abaixo ou acima da camada de nuvem — explica.

Como estão as buscas por avião desaparecido no Paraná?

São empregadas pelas equipes de busca um helicóptero Black Hawk e um avião pelicano do Salvaero (FAB), um helicóptero da Casa Militar do Governo do Paraná e um helicópteros do Batalhão da Polícia Militar de Operações Aéreas. A aeronaves da PM é equipada com filtros infravermelhos, que, segundo a corporação, são capazes de detectar calor em corpos humanos.

Inicialmente, as buscas ficaram concentradas entre os municípios de Guaratuba e Morretes. Ainda segundo o major, a tendência é que, com o avançar dos dias, a área de trabalho aumente. Contudo, as operações no ponto no qual a aeronave foi avistada pela última vez não foram encerradas:

— Temos que ter certeza que o objeto procurado não esteja lá — explica o bombeiro, antes de indicar que novas pistas também são avaliadas pelas equipes — Começam a chegar alguma informações, apontando que a aeronave teria mudado de rumo e ido para o Sul e não para o Norte, buscando uma área de maior visibilidade. Então, existem algumas possibilidade que vamos trabalhando.

Foi montado nesta quarta-feira um Posto de Comando próximo a região de Limeira. Drones são empregados pelas equipes de busca para tentar contornar as dificuldades impostas pela neblina e mata densa da região.

Nesta terça-feira, as equipes no solo percorreram a Estrada do Limeira, na Serra da Prata, e pontos próximos, mas nada foi encontrado. Moradores da região foram questionados pelos bombeiros e policiais militares, segundo o major Fabrício Frazatto dos Santos:

— É um ambiente extremamente dificultoso, de alta amplitude, mata densa e difícil acesso. Começamos a questionar moradores a respeito de informações que pudessem alimentar a nossa busca. Alguns moradores relataram terem ouvido um estrondo não característico daquele ambiente, que pode ser de uma colisão de um objeto grande, como uma possível aeronave — disse o comandante dos Bombeiros.

Nesta quarta, a equipe comandada pelo Corpo de Bombeiros reúne 50 pessoas, entre bombeiros militares e voluntários.

Quem são os passageiros de avião desaparecido no Paraná?

Além do piloto Jonas Borges Julião, a aeronave levava dois passageiros, ambos servidores públicos do estado do Paraná. Pelo Instagram, a mulher do piloto pediu que as pessoas parassem de divulgar informações falsas e pediu orações. "Oremos. E chega de ficarem com mensagens falsas em grupos. Isso não tem graça. Mas Deus é maior, e meu piloto vai estar bem", escreveu Maria Alice Oliveira Julião.

Os dois servidores foram identificados como Heitor Genowei Junior, superintendente do Viaje Paraná, divisão da Secretaria de Estado do Turismo, e Felipe Furquim, assessor da Casa Civil na região noroeste. Antes, ele comandava o escritório regional do Instituto Água e Terra, em Umuarama.

Heitor Genowei Júnior é empresário e dono de um posto de combustível em Umuarama, no noroeste do Paraná. Felipe Furquim já foi diretor do Instituto Água e Terra (IAT) em Umuarama, entre 2019 e 2022, e diretor-geral da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest) em 2022, mas agora é assessor da Casa Civil.


Fonte: O GLOBO