Paca, carão, aranha caranguejeira, preguiça, arara vermelha e papagaio também estão na lista, além da capivara Filó, alvo de recente disputa entre o tiktoker e o órgão ambiental

Uma nota técnica do Ibama aponta que o influencer Agenor Tupinambá, de 23 anos, utilizou-se ou manteve de forma irregular e ilegal os mais de dez animais silvestres, além de ovos de jacaré. Entre os animais, está a capivara Filó, que chegou a se retirada de seus cuidados a pedido do órgão e foi peça central na disputa entre o influencer e o Ibama.

A assessoria de Tupinambá foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. Após ser autuado pelo Ibama por "práticas relacionadas à exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais", ele ganhou mais de 2 milhões de seguidores nas redes.

No documento, datado de 24 de abril, consta que Agenor manuseou um jacaré e um ninho de ovos deste animal, além de uma arara-vermelha, uma paca, um filhote de carão, uma coruja e uma aranha caranguejeira. A lista inclui ainda dois papagaios, duas jiboias, duas preguiças, sendo que uma delas morreu, e uma capivara. Na maior parte dos casos, de acordo com o Ibama, os animais silvestres foram usados para o influencer se promover nas redes sociais.

Ainda segundo a nota técnica, elaborada por analistas do Ibama, alguns destes animais podem ter sido mantidos em cativeiro, enquanto outros não.

"Neste contexto, é importante salientar que ele (Agenor) não reside em meio à mata. Reside em zona rural, em uma fazenda onde podem ocorrer encontros com animais silvestres, mas isso não implica que o flutuante onde reside seja ambiente natural de paca, arara, capivara, preguiça, papagaio, entre outros animais", diz o documento do Ibama.

A nota técnica contradiz ainda a versão apresentada pelo influencer de que a capivara vive livre. De acordo com o Ibama, caso isso fosse verdade, o animal, batizado de Filó pelo tiktoker, já teria sido morto, já que não vive em bando.

"O animal está sendo mantido em uma casa flutuante que fica em uma fazenda. Vestir o animal com roupas e mantê-lo em condições artificiais constitui abuso e dificulta sua necessária e legal possibilidade de reinserção no ambiente natural", diz o texto.

Entenda o caso

No dia 27 de abril, Agenor Tupinambá entregou o animal ao Ibama. O tiktoker e a capivara foram de avião de Autazes, onde ele vive, a Manaus, onde Filó é assistida pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) para que fosse reintregada à natureza. 

Ele havia sido notificado pelo Ibama dias antes por "exploração indevida de animais silvestres para a geração de conteúdo em redes sociais", com base na Lei de Crimes Ambientais. Ele foi multado em R$ 17 mil.

A entrega do animal provocou grande repercussão nas redes, levando a uma movimentação para que o animal fosse devolvido ao influencer. No sábado, dia 29, a Justiça Federal determinou a devolução ao influencer, que pegou a capivara de volta no domingo.


Fonte: O GLOBO