Lula afirmou que espera que seu assessor volte com a "solução" e destacou que o governo brasileiro já ouviu as exigências de Putin

Braço direito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, o ex-ministro Celso Amorim se reúne nesta quarta-feira com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para ouvir as principais exigências do governo ucraniano para iniciar uma negociações de paz.

Lula tem tentado desde o início do seu terceiro mandato encerrar o conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de um ano. Amorim — hoje no cargo de assessor especial do governo — já esteve em Moscou, capital da Rússia, em abril, para um encontro com o presidente Vladimir Putin.

Depois, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov veio ao Brasil para um encontro com Lula. O diplomata também esteve com o chanceler Mauro Vieira, e após o encontro disse que Brasil e Rússia tinham visões comuns sobre o mundo.

Com a declaração, os ucranianos convidaram Lula para visitar Kiev e diplomatas brasileiros responderam que Mauro Vieira havia convidado o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, para vir ao Brasil dez dias antes de fazer o mesmo convite a Lavrov.

Nesta terça-feira, Lula falou sobre a viagem de Amorim a Ucrânia e afirmou que esperava que seu assessor voltasse com a "solução". O presidente destacou que o ex-ministro "já sabe o que o Putin quer" e que agora ouviria as exigências de Zelensky.

– Eu espero que o Celso me traga não a solução, que ele me traga indícios de soluções para que a gente possa começar a conversar sobre paz. Ele já sabe o que o Putin quer, ele agora vai saber o que quer o Zelensky. Vamos ter instrumentos para conversar com outros países e construir, quem sabe, a possibilidade de pararmos essa guerra –disse o presidente.

Como o GLOBO mostrou, interlocutores do governo brasileiro esperam que Zelensky esteja aberto a ouvir as propostas sobre paz do Brasil, mas também ha uma expectativa de que o ucraniano reforce o pedido para que o Brasil recue e forneça armas para que o país possa se proteger dos ataques russos.

O governo brasileiro tem conversado com autoridades de diversos países sobre a proposta de Lula para criar um grupo de nações para negociar uma saída pacífica da guerra. Nesta terça-feira, Lula recebeu o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte. O país é um dos que fornece armamento para a Ucrânia.

No encontro, o primeiro ministro reiterou o seu lado no conflito e falou sobre a guerra na Ucrânia “sem concessões que possam afetar a soberania” do país. Lula, por sua vez, afirmou em declaração à imprensa que o momento pede "diplomacia" e não guerra. O presidente brasileiro afirmou ainda que se esforçará para construir um mecanismos capaz de promover a paz.

– É hora de diplomacia. Não é hora de guerra. Todo mundo sabe que o Brasil condenou a ocupação territorial da Ucrânia. A continuidade da guerra só vai levar à morte e, portanto, precisamos encontrar alguém que esteja disposto a encontra a paz. E o Brasil está disposto.


Fonte: O GLOBO