Resultado é aviso de que time está de volta nas cabeças das grandes disputas no cenário nacional

Há muito mais significado na vitória do Botafogo sobre o Flamengo, por 3 a 2, no Maracanã, do que a liderança provisória na terceira rodada, em um torneio por pontos corridos de 38 jogos. 

Assumir a ponta do Brasileiro diante do rival em seu estádio, onde uma vitória não acontecia há dez anos, fez os alvinegros encurralados no setor visitante gritarem a plenos pulmões o tradicional “O Maraca é nosso”. 

A última vez que a equipe havia assumido a primeira posição da tabela foi em 2013. Foi, portanto, uma marcação de território, um aviso de que o Botafogo está de volta nas cabeças das grandes disputas e sabe onde e como quer chegar. Em campo, provou isso.

Aguçada pela criação da SAF e as várias contratações, a rivalidade entre os clubes esteve presente no estádio o tempo inteiro: na explosão dos dois gols de Tiquinho, na cabeçada certeira de Danilo Barbosa, na expulsão de Rafael e do técnico Luis Castro, que esbravejou contra a árbitra Edina Batista, e no lance que poderia também ter gerado o cartão vermelho para Thiago Maia. O volante rubro-negro levou a pior em dividida com Di Placido e teve suspeita de fratura descartada.

Léo Pereira descontou duas vezes para um Flamengo que até teve vontade, mas foi superado pelo maior poder de organização e efetividade no ataque por parte do Botafogo. E, por que não salientar, pela incompetência de seus atacantes nas conclusões, sobretudo Gabigol. Sem Gerson, que sentiu dores na coxa no aquecimento, Sampaoli improvisou Ayrton Lucas e só lançou Éverton Ribeiro quando o estrago estava feito. 

O camisa sete vinha também com dores, no joelho, e foi preservado. Do lado alvinegro, o primeiro destaque fica para o goleiro Lucas Perri, que parou também Pedro e Everton Cebolinha, e viu a bola de Vidal tocar a trave no início da partida.Tchê Tchê e Eduardo controlaram o meio-campo e a linha de zaga foi precisa na marcação.

A verdade é que foi um bom jogo de assistir, disputado, com possibilidades para os dois lados, em que o empate quase aconteceu no fim. O Flamengo até começou melhor, mas conforme não criava chances claras perdeu o ímpeto e ofereceu seu campo ao Botafogo. A estratégia de Luis Castro foi esperar o Flamengo compacto para acionar os pontas em jogadas de velocidade. 

A do Flamengo era parecida, e para isso tentou atrair o adversário com saída de bola através do goleiro Santos. Depois de algumas tentativas, veio a frustração. O Botafogo não mordeu a isca e obrigou as ligações diretas que não tiveram efeito. Em outro momento, Santos errou o passe e quase foi gol.

Foi, diante desse xadrez tático, mais uma apresentação acima da média de Tiquinho. Pedro, que veio de uma partida com quatro gols, apareceu muito pouco no Flamengo, e prova que tem dificuldades contra sistemas bem fechados. Tiquinho soube se encontrar mesmo entre três zagueiros. Assim como Pedro, o centroavante tem por característica se posicionar muito bem. 

Além do gol de pênalti, que Wesley cometeu sobre Victor Sá, exibiu toda sua categoria depois de grande jogada de Tchê Tchê, no segundo tempo, para fazer o terceiro do Botafogo. A essa altura o Flamengo tentava reagir na base da bola parada, já após a expulsão de Rafael. Foi quase um tempo inteiro com um jogador a mais. 

O lance inflamou os ânimos e o jogo ficou aberto exatamente nessa fase. Tanto o Flamengo poderia fazer o 2 a 2 como o Botafogo ampliar, o que acabou acontecendo. Pois o time conseguiu se recompor após a perda de calma momentânea.

O trabalho ainda no início de Sampaoli mostra as mesmas fragilidades dos anteriores, com uma defesa que quando sai para criar através de seus zagueiros, deixa muito espaço para o adversário contraatacar. Foi assim que o Botafogo novamente se armou no fim do jogo para a estocada final de Tiquinho. Em outros vários momentos, Junior Santos e depois Luis Henrique caíram nas costas de Wesley, e depois ainda mais de Marinho. 

Sampaoli lançou o atacante e depois Matheus França entrou para tentar forçar a mesma jogada nas subidas de Marçal. Elas deram resultado, mas Gabigol não conseguiu concluir com qualidade. No fim do jogo a torcida do Flamengo vaiou o atacante, e sobrou ainda para David Luiz e Vidal. Ficou a clara sensação de que um novo norte precisa ser encontrado, enquanto o Botafogo soube desde o início para onde ir.


Fonte: O GLOBO