Nova fase envolve organizar e analisar material apreendido e interrogatórios para decidir próximos passos da operação

O Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou nesta terça-feira a Operação Penalidade Máxima II com o objetivo de cumprir mandados de busca e de prisão preventiva contra envolvidos em uma esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol no país. 

Segundo as investigações, um grupo criminoso atuou em partidas da Série A do Brasileiro e em campeonatos estaduais, cooptando atletas, mediante o pagamento de valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para cumprirem determinadas ações durante o jogo, como tomar um cartão ou cometer um pênalti.

Segundo o promotor do MP-GO Fernando Cesconetto, os investigadores irão, a partir de agora, "organizar o material probatório", avaliar tudo que foi recolhido e analisar interrogatórios para chegar a uma decisão sobre os próximos passos da investigação.

— O presente momento ainda é de reunir o material angariado. Foram cinco estados envolvidos, além do estado de Goiás. Então, esse material tem que chegar até Goiânia para depois a gente iniciar essa análise. Foram dezenas de equipamentos eletrônicos apreendidos, celulares, notebooks, HD's externos, anotações, isso tudo tem que ser analisado. Bem como realizar interrogatórios de investigados, dezenas a serem feitos nas próximas semanas — explicou.

O promotor afirma que as investigações podem resultar na descoberta de novas partidas que tenham sido alvo de manipulação por jogadores, como resultado da interferência externa de pessoas envolvidas em esquemas de apostas.

— Desde que a investigação se iniciou em novembro foi centralizada em três partidas, agora são 11 no radar, mas não descartando outros jogos que possam ter sido manipulados — afirmou Cesconetto.

A ação desta terça é um desdobramento da Operação Penalidade Máxima, deflagrada em fevereiro e que resultou na denúncia de 14 pessoas, entre elas oito jogadores de futebol, na Série B. Os alvos da ação desta terça-feira tinham o modus operandi semelhante ao aplicado em partidas da segunda divisão.

A investigação identificou que a organização criminosa teria atuado "concretamente" em pelo menos cinco jogos da Série A do Brasileirão do ano passado. De acordo com o MPGO, os suspeitos ainda teriam tentado manipular cinco partidas de campeonatos estaduais, entre eles Goianão, o Gaúchão, o Mato-Grossense e Paulistão.

"A investigação indica que as manipulações eram diversas e visavam, por exemplo, assegurar a punição a determinado jogador por cartão amarelo, cartão vermelho, cometimento de penalidade máxima, além de assegurar número de escanteios durante a partida e, até mesmo, o placar de derrota de determinado time no intervalo do jogo", informou o MPGO em nota.

Segundo o MPGO, os jogadores eram demandados para realizar condutas previamente estabelecidas. O objetivo seria a obtenção de "grandes lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas". Para isso, os envolvidos usavam contas cadastradas em nome de terceiros.

Veja abaixo a lista dos jogos da Série A do Brasileiro investigados pelas autoridades nessa fase da operação:
  • Juventude x Palmeiras, no dia 10 de setembro de 2022
  • Santos x Avaí, no dia 5 de novembro
  • Bragantino x América Mineiro, no dia 5 de novembro
  • Goiás x Juventude, no dia 5 de novembro
  • Cuiabá x Palmeiras, no dia 6 de novembro
  • Santos x Botafogo, no dia 10 de novembro
Há ainda jogos de campeonatos estaduais que também foram alvos do MP. Tratam-se de partidas como Goiás x Goiânia, Caxias x São Luís, Bento Gonçalves x Novo Hamburgo, Luverdense x Operário de Várzea Grande, Guarani x Portuguesa.


Fonte: O GLOBO