Foi durante festa em que cerca de US$ 10 seriam dados a cada cidadão

Pelo menos 78 pessoas morreram na noite dessa quarta-feira (19) em Sanaa, durante uma festa de caridade em que seriam distribuídos cerca de US$ 10 a cada cidadão. A multidão entrou em pânico após tiros de combatentes houthis (membros de um grupo rebelde que controlam a capital iemenita). Em seguida, houve correria e muitos morreram esmagados.

O incidente já é considerado o de maior número de mortes sem ligação com a guerra no Iêmen. Ele ocorreu durante evento de distribuição de ajuda financeira, dias antes do feriado muçulmano do Eid al-Fitr, que marca o fim do mês do Ramadã.

No centro de Sanaa, numa escola na Cidade Velha, os comerciantes organizaram a distribuição de dinheiro e comida à população pobre, para cumprir um dos preceitos islâmicos durante o feriado religioso.

Enquanto o aglomerado de pessoas esperava receber o donativo, houthis armados dispararam para o ar na tentativa de conter a multidão.

Os disparos teriam atingido um fio elétrico, o que causou explosão. Centenas de pessoas, incluindo mulheres e crianças, assustaram-se e começaram a correr, caindo umas sobre as outras, em pânico. A descrição foi feita por duas testemunhas, Abdel-Rahman Ahmed e Yahia Mohsen, e citada na publicação britânica The Guardian.

Distribuição de fundos


Entre esmagamentos e atropelos, pelo menos 78 pessoas morreram e 73 ficaram feridas. O número de vítimas foi confirmado por Motaher al-Marouni, um alto funcionário da saúde, de acordo com o canal de TV via satélite al-Masirah, dos rebeldes.

"Quando a porta se abriu, houve grande correria de pessoas que queriam chegar primeiro ao pátio da escola. Algumas começaram a cair nos degraus que levavam à entrada", disse um médico, citado na Reuters.

Abdel-Khaleq al-Aghri, do Ministério do Interior, que é administrado pela fação Houthi, comentou o incidente, que atribuiu à “distribuição aleatória de fundos, sem coordenação com as autoridades locais”.

Comerciantes detidos

O Ministério do Interior informou que foram detidos os dois comerciantes organizadores do evento, que estão sendo investigados.

"Estamos assistindo uma tragédia, grande número dos nossos cidadãos morreu durante essa desordem", afirmou Abdulaziz Bin Habtour, primeiro-ministro do movimento Houthi, que governa o norte do Iêmen. Ele prometeu tomar medidas para que isso não volte a acontecer.

A administração Houthi anunciou que pagará um valor correspondente a 1.800 euros para compensar cada família que tenha perdido um familiar. Os feridos receberão 365 euros, acrescentou.

Os militares isolaram a escola onde ocorreu o incidente e impediram que pessoas, principalmente jornalistas, se aproximassem.

O conflito no Iêmen já dura oito anos. O território é disputado por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita contra o grupo Houthi, que é, por sua vez, alinhado com o Irã. A guerra matou dezenas de milhares de pessoas, destruiu a economia e empurrou milhões para a fome.


Fonte: Agência Brasil