Presidente francês teve de lidar com manifestantes durante o segundo deslocamento público após impopular reforma da Previdência

O presidente francês, Emmanuel Macron, enfrentou novamente nesta quinta (20) centenas de manifestantes durante uma visita a um centro educativo no sul da França, onde as forças de segurança confiscaram panelas para evitar protestos ruidosos.

A visita ao colégio de ensino médio Michel de Ganges, ao norte de Montpellier (sul), é o segundo deslocamento público de Macron desde a promulgação, na madrugada de sábado, de sua impopular e contestada reforma da Previdência.

O mandatário liberal, de 45 anos, já foi recebido com vaias e panelaços em Sélestat (nordeste), onde havia retomado suas visitas pela França, com o objetivo de defender seu plano de 100 dias para superar a crise social e política que a reforma desatou.

— Os ovos e as panelas servem apenas para cozinhar na minha casa — comentou Macron em sua chegada a Ganges durante uma conversa com o deputado esquerdista Sébastien Rome, que o assegurou que a "resistência" estava "um pouco mais longe", embora "não fosse ouvida".

Pela manhã, o prefeito da região proibiu os "dispositivos sonoros portáteis", por isso os policiais confiscaram panelas dos manifestantes e os mantiveram longe da delegação do presidente, usando, inclusive, gás lacrimogêneo.

— Pode-se sair de uma crise democrática proibindo panelas? — indagou a deputada ecologista Sandrine Rousseau.

Já o porta-voz dos comunistas ironizou:

— Esperamos com impaciência o projeto de lei que proibirá [sua] venda.

Apesar do rechaço dos sindicatos e de uma grande maioria dos franceses, segundo as pesquisas, Macron apresentou uma lei para adiar a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos e, com medo de perder a votação no Parlamento, a adotou por decreto em março.

Na segunda-feira, Macron delimitou um prazo de 100 dias para tentar virar a página do conflito social rapidamente e iniciou um giro pela França para defender os temas com os quais quer relançar seu mandado (2022-2027), como a reindustrialização e a educação.

Em Ganges, prometeu também aumentar o salário dos professores "entre 100 e 230 euros líquidos ao mês" (entre R$ 554,00 e R$ 1.274,00), já que "há que reconhecer e pagar melhor os professores".


Fonte: O GLOBO