Integrante do Gaeco, no interior de SP, ele foi responsável pela transferência de traficantes para presídios de segurança máxima. Senador Sergio Moro era outra vítima

Integrante do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), em Presidente Prudente, São Paulo, o promotor de justiça Lincoln Gakiya era um dos alvos de um plano de sequestro e morte da maior facção criminosa do país, de acordo com a Polícia Federal. 

Dedicado há 17 anos a combater as ações desse grupo, Gakiya foi o responsável por transferências de chefes como Marcos Camacho, o Marcola, para presídios federais e vive atualmente sob escolta e vigilância após uma série de ameaças que sofreu.

Segundo a Polícia Federal, a Operação Sequaz, deflagrada nessa manhã, tem por objetivo cumprir 11 mandados de busca e apreensão e 21 de prisão, no Distrito Federal, em Roraima, no Paraná, no Mato Grosso do Sul e em São Paulo. Segundo as investigações, integrantes da facção planejavam sequestrar e matar servidores públicos e políticos, como o promotor e também o senador Sérgio Moro (União Brasil). As diligências mostram que os ataques poderiam ocorrer simultaneamente.

Lincoln Gakiya começou a ser escoltado por policiais militares em dezembro de 2018, após ter pedido a transferência de chefes da facção, entre eles Marcola, que estavam na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo, para presídios federais. 

As remoções foram deferidas pelo juiz-corregedor Paulo Eduardo de Almeida Sorci, do Departamento Estadual de Execuções Criminais da 1ª Região Administrativa Judiciária (DEECRIM-1), em fevereiro do ano seguinte.

No ano passado, durante um dos debates entre os então candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o governo dele foi o responsável pela transferência de Marcola para presídio federal e chegou a criticar Lula (PT) por não ter removido o criminoso durante 14 anos de governo petista. Logo depois, Sérgio Moro, senador eleito, também divulgou um vídeo endossando a informação.

Na ocasião, Lincoln Gakiya reagiu ao uso político do caso. “Advirto que não sou petista, mas meu compromisso é com a verdade, independente de partidos políticos. Com todo respeito ao Sergio Moro, ele já se tornou político há muito tempo”, disse o promotor.

Desde as transferências, Gakiya teria tido uma sentença de morte determinada pelo chamado tribunal do crime da facção e passado a receber ameaças. Atualmente o promotor é conhecido, inclusive, em países como Espanha e Portugal, tendo dado entrevistas alertando para o problema do tráfico de drogas do Brasil para a Europa, e o risco de aumento de criminalidade nele embutida.


Fonte: O GLOBO