Embarque estava previsto para a manhã deste sábado, mas foi postergado para domingo depois que presidente foi diagnosticado com pneumonia leve

Porto Velho, RO
- O adiamento da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, por uma pneumonia leve, afeta uma comitiva enorme, de cerca de 240 empresários e 40 parlamentares, e uma agenda política e econômica ambiciosa, que inclui uma visita à gigante tecnológica Huawei. O embarque do presidente estava previsto para a manhã deste sábado, mas foi postergado para domingo.

A visita de Lula à China adquiriu uma dimensão amplamente superior à de sua rápida passagem por Washington, que não teve caráter de visita de Estado. Por isso, a viagem ao gigante asiático, apenas um mês e meio após Lula visitar os EUA, bem no início do governo, é uma medida da importância que ele dá a ambos — os maiores parceiros comerciais do Brasil— e, no governo brasileiro, a preocupação é manter o equilíbrio na disputa entre as duas superpotências por hegemonia.

A ida à fábrica da Huawei foi uma proposta da empresa chinesa, que busca, claramente, enviar uma mensagem política ao governo americano. Nos EUA, Lula não participou de encontros com empresários, e sua delegação foi muito menor.

A visita à Huawei surgiu por um convite da empresa chinesa, segundo confirmaram fontes ligadas a ela — presente há mais de 20 anos no Brasil — que foi aceito pelo governo brasileiro. Empresa à frente da tecnologia de telecomunicações 5G, a Huawei foi incluída em 2021, por decisão da Comissão Federal de Comunicação dos EUA, em uma lista de cinco firmas tecnológicas chinesas consideradas um “risco inaceitável” à segurança nacional americana. Em agosto de 2021, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em visita a Brasília, chegou a pressionar o governo brasileiro a vetar a Huawei no leilão da tecnologia 5G no país.

Nas últimas semanas, Brasília e Pequim trabalharam intensamente para elaborar uma lista que poderia chegar a 30 acordos bilaterais. Não está claro quais serão anunciados na viagem, e quais continuarão sendo negociados nas semanas seguintes.

Segundo fontes oficiais brasileiras, Brasil e China podem ativar um fundo de financiamento chinês de R$ 20 bilhões; o Brasil pode entrar na lista de países prioritários ao turismo do gigante asiático; os dois países selarão um entendimento para desenvolver a sexta geração de satélite sino-brasileiro; e, por iniciativa do governo Lula, poderia haver uma declaração conjunta sobre clima, que seria a base de um acordo bilateral de cooperação, articulação em foros internacionais e até mesmo criação de um fundo de financiamento binacional para combater mudanças climáticas.


Fonte: O GLOBO