Nas demais regiões do país, coleta já terminou, e instituto deu início à etapa de apuração das informações

O IBGE irá fazer neste mês de março a coleta final de dados para o Censo Demográfico junto aos moradores da Terra Indígena Yanomami. A operação será iniciada na próxima segunda-feira e a previsão é de que seja concluída em até 30 dias.

A expectativa é divulgar os dados em abril. Até o momento, o IBGE já contabilizou 21.579 pessoas que vivem no território Yanomami em Roraima e no Amazonas. A previsão é de entrevistar mais 15 mil pessoas em março.

O governo federal auxiliará o IBGE com técnicos dos ministérios, além de auxílio material e logístico, como a disponibilização de helicópteros para acesso às áreas mais restritas. Os ministérios envolvidos são: Planejamento e Orçamento, Justiça e Segurança Pública, Defesa e Povos Indígenas.

— O IBGE em março vai contar quantos ianomâmis nós somos! Porque sim, somos nós. É um povo que tem na sua riqueza a diversidade de raças. Historicamente, é de nós que nós estamos falando. O IBGE vai dizer quantas crianças são, quantos anciãos, como estão vivendo, e quais são as características dos povos Yanomamis — afirmou a ministra do Planejamento, Simone Tebet, na cerimônia de assinatura do termo de cooperação entre os ministérios.

A população indígena Yanomami enfrenta uma crise humanitária endereçado pelo governo Lula em janeiro de 2023, após o Ministério da Saúde identificar casos graves de malária, desnutrição severa e outros problemas potencialmente agravados pelos garimpos ilegais. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, destacou a relevância do cendo para a efetivação das políticas públicas do governo:

— O estado de calamidade que chegou o povo Yanomami mostra o abandono que foi do poder público durante muitos anos, e que se acentuou muito nestes últimos 2 anos. As crianças Yanomami hoje morrem de desnutrição, contaminação de mercúrio, malária e doenças consideradas tratáveis. Se a gente não tem essa definição e clareza de qual é a real situação da população, não conseguimos combater essa situação de calamidade — disse.

Oficialmente, a coleta de dados do Censo Demográfico terminou na terça-feira. A etapa de apuração das informações começou na quarta-feira. Os supervisores técnicos do IBGE podem, contudo, determinar retornos ao campo, se necessário.

Para o censo geral, o presidente do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, explicou que após a fase de apuração, em campo, há o processo de correção de inconsistências nos dados coletados, como a análise de eventuais questionários vazios ou dados errados das pessoas. Pereira também comentou os obstáculos para apuração do censo em território Yanomami:

— Tem todo um trabalho para ser feito até chegar lá. O trabalho de alimentação, combustível para os helicópteros, a necessidade da equipe fazer quarentena porque recenseador gripado pode colocar a operação abaixo. Precisamos conhecer a população indígena como um todo. Ninguém vai ficar de fora do censo — diz.


Fonte: O GLOBO