Estaduais e regionais estão de volta e serão porta de entrada para torneio nacional; premiação aumentou em 15%

Com o objetivo de aumentar a participação dos estados no desenvolvimento do vôlei de praia e rejuvenescer sua marca neste segmento, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) terá, a partir desta temporada, a volta dos torneios estaduais e regionais, inseridos em um sistema nacional de competição, com conexão entre os mesmos. 

A entidade anuncia ainda nesta segunda-feira nova roupagem para as arenas, com logotipo e cores desconectadas com a dos patrocinadores. A etapa de abertura do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia será em Maringá, em 8 de março.

Com as mudanças, o Circuito Brasileiro passa a fazer parte de um Sistema Nacional de desenvolvimento, com calendário integrando, cerca de 70 competições e foco na descoberta de novos talentos. A premiação total da temporada 2023 será de cerca de R$ 7 milhões, 15% superior ao total de 2022.

Segundo a entidade, serão 27 estaduais, em que as duas melhores duplas de cada gênero serão indicadas para sete torneios regionais, e estes, por sua vez, darão acesso ao Circuito Brasileiro.

– Estimular a prática e o crescimento de uma modalidade em um país de dimensões continentais como o Brasil é um desafio. E o Sistema Nacional fará com que mais atletas tenham acesso às disputas. Esse sistema olha para o atleta de vôlei de praia em todos os estágios: a formação, o desenvolvimento e o alto rendimento – afirma Jorge Bichara, diretor técnico da CBV.

A CBV vai custear a premiação dos estaduais (total de R$ 15 mil) e dos regionais (total de R$ 80 mil). As federações definirão os formatos de suas competições, com a única diretriz de indicar para os regionais uma dupla sub-23 em cada naipe.

Além das indicações, os regionais terão disputa de qualifying. E os campeões de cada regional, nos dois naipes, ganharão acesso ao torneio principal do Aberto de uma etapa do Circuito Brasileiro, cujo formato, com Top e Aberto, foram mantidos. O que mudou foi o número de duplas na divisão principal (aumentou de 8 para 12).

Desta vez, segundo a CBV, os atletas tiveram voz ativa nas mudanças. Guilherme Marques, gerente de vôlei de praia da CBV, disse que "existiu uma construção coletiva interessante" mas que a entidade está " aberta para novas discussões, uma vez que temos um processo ainda de aprendizado e correção."

Ele disse que, entre as reivindicações, os atletas tinham preocupação com a quantidade, distribuição e relevância das competições da temporada. Os atletas entendem que necessitam de mais tempo de quadra, mas o custo dos deslocamentos e o calendário internacional desta temporada, a primeira da corrida olímpica, causavam apreensão.

– Evoluímos para um bom relacionamento com a CBV. Entendemos que esse é o caminho para o crescimento de todos e da modalidade. Participamos de reuniões e sugerimos algumas mudanças que muitas delas foram aceitas. Estamos muito otimistas para a temporada 2023 – confirmou Carlão Arruda, ex-jogador e presidente da comissão de atletas.

É que no ano passado, com a mudança de formato, eles não foram consultados. Comissão de Atletas e CBV travaram vários embates públicos. Foi a maior crise desde a inclusão da modalidade no programa olímpico. Atletas chegaram a boicotar o início da temporada.

O vôlei de praia não subiu ao pódio em nenhum dos dois naipes pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos. Desde Atlanta-1996, o Brasil já conquistou 13 medalhas, sendo três ouros.

– A nova proposta da CBV contempla os âmbitos estadual, regional e nacional. Entendemos que poderá ser o início de um novo momento no vôlei de praia, com o atleta tendo a oportunidade de intercâmbio e tendo novamente a sensação de um pertencimento a modalidade – elogia Carlão, que aponta a inclusão das federações neste novo sistema como fundamental.

Segundo ele, em concordância com a CBV foi reduzida um etapa do principal circuito da modalidade por conta do calendário de competições muito apertado, reduzindo custos com viagens, e também para que houvesse uma melhor redistribuição da premiação.

Custos

Em relação aos custos para as duplas, principalmente em relação às viagens, a entidade, que procurou coordenar as competições de forma a diminuir as viagens, lembrou que julho de 2022 fechou uma parceria com a Confederação Brasileira de Clubes (CBC). Assim, atletas que representarem clubes filiados a CBC poderão usufruir de facilidades de logística e infraestrutura, principalmente com os custos das passagens aéreas.

Atualmente, 12 duplas de cada gênero (e seus respectivos técnicos), que estiverem vinculadas a clubes, podem receber o benefício a cada torneio.

Segundo dados da CBV, das inscrições para a etapa de abertura do Circuito, em Maringá, do total de 240 atletas (120 em cada naipe, incluindo o qualifying), 80 têm vínculo com clubes.

–Ela é muito benéfica para o esporte e para as equipes. Esperamos que esse número possa aumentar com a adesão de mais clubes – comemora Carlão.

Questionado sobre o vínculo da CBV com a CBC, uma vez que os clubes, diferentemente do vôlei de quadra, não têm tradição no vôlei de praia, Bichara disse que é favorável a ampliar cada vez mais as possibilidades de parcerias:

– Sou favorável a não limitar possibilidades e diversificar. Medalhas podem vir de diversas frentes, dos tradicionais CTs e também de clubes. Nosso objetivo é chegar em Paris com chance real de medalha – disse o diretor. 

– O novo sistema em si, que buscamos ser mais atrativo como marca e para a TV, também pode trazer um ganho direto para os atletas a partir de uma exposição melhor. Este ano teremos maior premiação do que e 2022 e estamos numa crescente, queremos buscar melhorias ano a ano.


Fonte: O GLOBO