Alvos são suspeitos de terem movimentado R$ 64 milhões em dois anos e tiveram os bens bloqueados; agentes cumprem oito mandados de busca e apreensão
A Polícia Federal (PF) realiza uma operação para cumprir oito mandados de busca e apreensão contra suspeitos de integrar uma organização criminosa responsável pela lavagem de dinheiro obtido do comércio de ouro ilícito extraído em Roraima. O grupo é investigado pela movimentação de R$ 64 milhões em pouco mais de dois anos.
A 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima também determinou o bloqueio de bens dos envolvidos. Os mandados são cumpridos nos estados de Roraima e Pernambuco. Além da PF, o Ibama e a Força Nacional de Segurança iniciaram nesta semana uma de "asfixia logística" do garimpo no estado, que ocupa ilegalmente áreas que pertencem ao território Ianomâmi.
O esquema começou a ser desvendado após uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os policiais pararam um carro e observaram "inconsistências na narrativa dos passageiros de um veículo, os quais tentaram ocultar uma viagem recém realizada a Rondônia".
A PRF, então, remeteu o caso à Polícia Federal, que verificou o envolvimento de um passageiro com outros suspeitos já investigados em outros procedimentos e conseguiram revelar um esquema que teria movimentado R$ 64 milhões em pouco mais de dois anos.
"Os valores seriam oriundos da compra e venda de ouro ilegal e contaria com o uso de empresas de fachada, que buscariam dar aspecto de legalidade às transações financeiras", diz a PF, em nota.
Os investigados são suspeitos de receber dinheiro de financiadores pelo Brasil e repassar os valores para pessoas e empresas de Roraima, as quais seriam responsáveis pela compra de ouro ilegal.
Ofensiva contra o garimpo
Agentes do Ibama iniciaram nesta semana a operação para a retomada do território Ianomâmi, em Roraima. Até agora, agentes do órgão ambiental destruíram um helicóptero, um avião, um trator de esteira e estruturas de apoio logístico ao garimpo de ouro.
Durante a ação, foram apreendidos ainda três embarcações, duas armas de fogo e 5 mil litros de combustível que são usados para mover o maquinário que extrai os minérios do solo amazônico.
Como parte da operação de "asfixia logística", o Ibama e a Força Nacional instalaram uma base de controle no rio Uraricoera para impedir o fluxo de insumos aos campos de garimpo.
As "voadeiras" interceptadas — embarcações de alta velocidade utilizadas na atividade ilegal — transportavam uma tonelada de alimentos, freezers, geradores de energia elétrica e antenas de internet.
O Ibama informou que esses equipamentos de telecomunicações serão aproveitados para manter a base de controle montada no rio.
As bases têm a função de impedir o acesso de embarcações munidas de combustível e equipamentos na reserva indígena. Outras devem ser montadas dentro do território com o auxílio de agentes da Funai.
Do ar, o Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) do Ibama passou os últimos dias sobrevoando pistas de pouso clandestinas e rastreando equipamentos a serem destruídos — foi assim que foram achados a aeronave e o helicóptero incendiados. Segundo o órgão, o trator inutilizado era utilizado pelos garimpeiros para abrirem caminhos pela floresta fechada.
Fonte: O GLOBO
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