Equipe de Gustavo de Conti precisa de apenas uma vitória contra Porto Rico para disputar a competição, marcada para agosto

Quase dois anos após ficar de fora da Olimpíada de Tóquio e sob nova direção desde então, a seleção brasileira de basquete está muito perto de garantir vaga Mundial da modalidade. Hoje, a equipe comandada por Gustavo de Conti inicia sua última janela de jogos pelas Eliminatórias das Américas em Santa Cruz do Sul, cidade gaúcha que vive um renascimento no basquete.

Hoje, o duelo é com Porto Rico, às 19h30, no Ginásio Poliesportivo Arnão; no domingo, às 21h10, encara os Estados Unidos (transmissão da ESPN e Star+). Em segundo no Grupo F, atrás dos americanos, os brasileiros precisam apenas de uma vitória para se garantir na competição, que será disputada na Indonésia, Japão e Filipinas, em agosto. Se terminar em primeiro, têm vantagens no sorteio.

O Brasil chega completo para as partidas, com nomes como Yago, Marcelinho Huertas, Benite, Caboclo e até Gui Santos, escolhido pelo Golden State Warriors no último draft da NBA — ele vem atuando pelo Santa Cruz Warriors, que disputa a liga de desenvolvimento G-League.

— Queremos muito essa vaga no Mundial para depois pensar na melhor preparação possível em busca da Olimpíada e medalha — projeta Caboclo.

Cidade gáucha, em momento de retomada, é um 'caldeirão' do basquete

A partida marca a volta da seleção brasileira a Santa Cruz do Sul pela primeira vez em 13 anos. A cidade respirou basquete nos anos 1990, no auge do Pitt/Corinthians, único time gaúcho campeão brasileiro até hoje, e agora volta aos holofotes do esporte: a equipe retornou à elite na temporada passada, atualmente disputando o NBB pela segunda vez. O ambiente é de festa, com a cidade enfeitada para apoiar a seleção. Para o jogo com os americanos, os ingressos estão esgotados.

Um dos jogadores mais experientes da liga e do atual União Corinthians, o pivô Guilherme Teichmann, de 39 anos, com passagens pela seleção brasileira, revive um momento de nostalgia. Ele tinha 11 anos quando o histórico técnico Ary Vidal, que comandou o título brasileiro do Corinthians em 1994, levou a seleção brasileira para treinar na cidade visando o Sul-Americano do Uruguai, em 1995.

"É uma sensação de alegria, euforia, receber os melhores atletas do Brasil, um jogo oficial. É um orgulho muito grande fazer parte do clube e ver a cidade recebendo um evento tão legal. Estamos decidindo vagas para o Mundial, é um evento de extrema importância, relevância, que vamos conseguir ver ao vivo", diz ele, que acredita em boa influência para as novas gerações da cidade, como aconteceu no seu caso.

— É um momento marcante para as crianças estar próximo dos ídolos. Eu tive muita influência da equipe adulta do Corinthians, que era muito boa, alguns jogadores já jogavam aqui [...] Mas hoje, ver a seleção, um jogo internacional, é algo que sempre marca muito e que pode vir a motivar essas crianças a seguir o caminho de ser um atleta profissional, de se dedicar, dar uma motivação extra a seguir esse sonho.

Autor do livro “7 mil dias: A volta de Santa Cruz do Sul à elite do basquete”, que conta a trajetória do Corinthians e da retomada do basquete da cidade nos últimos anos, lançado na quarta-feira, o jornalista Guilherme Mazui Roesler comemora a possibilidade de formar uma nova geração de torcedores.

— Essa retomada do basquete em Santa Cruz mescla uma mistura de memória afetiva e nostalgia de quem viveu os anos 1990, na época do Ary Vidal, com a esperança desse momento novo. A cidade nunca deixou de gostar de basquete, o Corinthians manteve as escolinhas, a cidade tem uma liga municipal organizada [...] Está sendo muito legal para quem nasceu da metade dos anos 1990 para frente poder ir ao ginásio e assistir in loco um jogo de alto nível, seleção brasileira, americanos, argentinos — diz ele, que espera um jogo com clima semelhante aos do Corinthians.

Acredito numa atmosfera diferente pra esses jogos, com a torcida apoiando com o mesmo empenho que apoia o União Corinthians em casa. A procura de ingressos está muito boa e tem muita gente vindo de fora de Santa Cruz para ver o jogo. 

É um evento muito diferenciado [...] Tem tudo para reviver a favor da seleção aquela torcida vibrante que marcou Santa Cruz nos anos 1990, quando se revelou como um dos grandes caldeirões do basquete.


Fonte: O GLOBO