Mulher teria entrado em trabalho de parto no último sábado (4) na Aldeia Santa Cruz, na Terra Indígena Mamoadate, em Assis Brasil, e família pediu ajuda com transporte aéreo

Uma indígena, de 35 anos, da etnia Manchineri espera resgate na Aldeia Santa Cruz, na Terra Indígena Mamoadate, no Rio Purus, região de Assis Brasil, interior do Acre, após entrar em trabalho de parto no último sábado (4). Nesta quinta-feira (9), a Associação Manchineri da Aldeia Extrema (Mappa) divulgou um pedido às autoridades para que agilizem o resgate da mulher por medo dela morrer na localidade.

Os familiares informaram ao líder indígena Ninawa Huni Kui, que também faz parte do Conselho de Saúde, que, possivelmente, o bebê já esteja sem vida porque a mãe está com hemorragia e muito fraca. Segundo a denúncia, não houve retorno quanto ao pedido de resgate feito às autoridades.

"Não resolveram o problema, e de ontem pra hoje a mulher ficou pior. A informação dos familiares é de que a criança já tem a possibilidade de estar em óbito dentro da mãe e a mãe começou a ter hemorragia, está muito fraca. Até agora nenhuma solução", denunciou o indígena.

Ainda de acordo com Ninawa, a família da indígena pede o resgate de helicóptero por conta da distância da aldeia. De barco, a viagem leva cerca de dois dias pelo rio.

"Pela estrada, também não tem condições nesse período, então, é só via aérea mesmo. Fizeram contato comigo hoje de manhã [quinta-feira, 9] e já fiz contato com o Ministério Público Federal, a Defensoria do Estado e outras pessoas", lamentou o líder indígena.

O gestor de Políticas Indígenas Vanderson Brito confirmou, na noite desta quinta, que conseguiu o resgate aéreo para a indígena no final da tarde. Na manhã desta sexta (10), uma equipe do Samu irá com uma aeronave do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) até a aldeia.

A mãe deverá ser trazida para Rio Branco para receber os cuidados necessários.

Resgate pelo rio

A coordenadação do Distrito Sanitário Especial do Alto Rio Purus (Dsei Alto Rio Purus) explicou que foi informada da situação na última terça-feira (7), por volta do meio-dia, e acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Contudo, a equipe não pôde ir no mesmo dia.

Na quarta (8), foi solicitado apoio aéreo do Dsei Rio Juruá, porém, os profissionais avisaram que não havia possibilidade de voar por conta do mau tempo. Com isso, o resgate foi alinhado com uma equipe de bombeiros e profissionais da Saúde Indígena de Sena Madureira.

A equipe saiu de Sena Madureira de voadeira nesta quinta. "Já se deslocaram para lá. Foram bombeiros, um enfermeiro e um técnico nosso, da Sesai, para lá. É a única via que temos, por terra, não tem [possibilidade] aérea devido às condições climáticas. A gente não poderia esperar, e optamos por acionar os bombeiros", explicou a coordenadora substituta do Dsei Alto Rio Purus, Silviana Amaral.

O Samu informou, por meio da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), que foi feito o contato com Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), com o Exército e a Polícia Federal, mas, devido às condições climáticas, não foi possível ir até o momento na localidade.

Fonte: G1/AC