Inquérito Policial Militar, aberto em 12 de janeiro, apura atuação de integrantes do Batalhão da Guarda Presidencial dentro do Palácio do Planalto

O Exército prorrogou por 20 dias o prazo para a conclusão do Inquérito Militar Policial (IPM) que apura a atuação de integrantes do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) nos ataques golpistas de 8 de Janeiro. A investigação foi aberta no dia 12 de janeiro pelo Comando Militar do Planalto (CMP) e visa averiguar se houve omissão, erros ou conveniência da tropa dentro do Palácio do Planalto.

O IPM tinha prazo de término de 40 dias, mas na última sexta-feira, dia 17, o Exército solicitou ao Ministério Público Militar (MPM) a prorrogação do período para a conclusão alegando a necessidade de diligências para a elucidação dos fatos.

Um dos principais alvos do inquérito é o ex-comandante do BGP, tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, que foi flagrado por câmeras de segurança discutindo com policias militares, enquanto vândalos destruíam o Palácio do Planalto.

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspeitam que ele tenha tido uma postura leniente durante os ataques golpistas. O ministro da Defesa, José Múcio, deixou explícitas as suspeitas em torno da atuação de Fernandes e disse que ele será punido, caso fique comprovada a suposta leniência.

Diante das desconfianças , o tenente-coronel Fernandes deixou o comando do BGP antecipadamente. A saída dele era prevista para fevereiro, mas foi antecipada para o dia 27 de janeiro diante da pressão do Planalto. A mudança ocorreu após a demissão do então comandante do Exército, general Júlio Cèsar Arruda no dia 21 de janeiro. Ele foi substituído pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

O inquérito analisa imagens das câmeras do Planalto e vídeos avulsos gravados dentro do prédio durante a invasão. Também foram anexadas ao IPM troca de mensagens por WhatsApp e por e-mail sobre a dispensa e o acionamento às pressas das tropas no domingo.

A investigação do Exército está reconstruindo uma linha do tempo em torno dos atos de 8 de janeiro. O GSI só enviou um pedido para a presença de um pelotão de 36 homens para o Palácio do Planalto às 11h54 do domingo. A solicitação foi feita em um grupo de WhatsApp com integrantes do GSI, do BGP e do CMP. 

Na ocasião, foram discutidos se a tropa já estava alimentada. O responsável pela segurança do Planalto menciona que iria preparar dois lanches para o grupo. A troca de mensagens está anexada no Inquérito Policial Militar.

O pelotão chegou ao Palácio do Planalto por volta das 13h. Às 14h30, uma imagem de drone mostra o momento que os manifestantes furam o bloqueio da polícia militar. O general, então, determinou a ida de mais tropa, totalizando 213 militares no local. O grupo só chegou ao local por volta das 15h quando os invasores já estavam no prédio.

Sindicância

Como mostrou O GLOBO, o Exército abriu uma sindicância no início deste mês para apurar a conduta de um sargento do Batalhão da Guarda Presidencial que se juntou aos bolsonaristas radicais para cantar o Hino Nacional durante a invasão ao Planalto em 8 de Janeiro. A cena foi flagrada por uma câmera de vídeo e integra 16 horas de gravação que estão sendo analisadas dentro do Inquérito Policial Militar (IPM).

Embora o vídeo mostre apenas um militar cantando o hino junto com manifestantes que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto há a suspeita que outros integrantes da Força também tenham se juntado ao coro com os radicais.

Chamado a prestar esclarecimentos, o sargento – cujo nome está mantido em sigilo - alegou que cantou o Hino Nacional como modo de ganhar a confiança dos invasores. Em depoimento, segundo relatos ao GLOBO, o militar disse não ter sido o único a não tomar tal atitude.


Fonte: O GLOBO